segunda-feira, 11 de julho de 2011

Será que foi tudo isso em vão?

Li, entre ontem e hoje, Renato Russo - O Trovador Solitário, biografia escrita pelo jornalista Arthur Dapieve. Ela narra a infância até um pouco depois da morte do vocalista da Legião Urbana. Conta sobre as influências literárias e musicais de Renato Manfredini Jr. e seu projeto de ter a maior banda de rock do Brasil.
Não tem nenhum momento Caras, não entra muito na vida pessoal, não tem nenhum escândalo e até onde eu saiba nenhuma revelação. Se pauta mais na parte proficional e na Legião Urbana. Os adolesentes de Brasília, o Aborto Elétrico e os primeiros shows. Depois quando o Paralamas do Sucesso canta Química no Rock in Rio e Bi Ribeiro ajuda no contrato com a EMI- Odeon.
Não é um livro chocante, é elegante e atende bem a quem quer saber mais sobre o que influênciou cada disco. Para uma leiga que não viveu aquela época foi um bom livro para o final de semana.

O senhor Renato Russo representa bem o que o senso comum entende como personalidade de artista: sensível, tempestuoso, genial. Suas letras refletem as condições de uma juventude que tinha atingido a liberdade, que poderia se expressar depois de uma longa ditadura militar. Os problemas eram outros: a descoberta do HIV que levou tantas pessoas, a homofobia, a transição política, a instabilidade econômica. Minha mãe fez parte dessa geração e me transmitiu parte de seus gostos musicais.
Hoje quase não me incomodo em ter que emprestar dela seus ídolos na falta de ícones na minha geração.

Como uma boa criança aprendi a cantar Faroeste Caboclo, Eduardo e Mônica e me decepcionei quando não havia mais histórias para cantar. Como adolescente aprendi com Meninos e Meninas que é possível gostar dos dois (conhecia a homoafetividade, mas não sabia da possibilidade de ambos. Isso foi antes do pan sexual) e com 1º de Julho na voz de Cássia Eller eu vislumbro como é o amor maternal e todas as facetas de uma mulher.

Esse começo faz parte de um projeto pessoal para entender melhor o passado recente e principalmente cultural do Brasil. Se você tiver alguma sugestão por gentileza me fale.

Abs a todos.

6 comentários:

  1. Viu só, e você dizia que Deus esqueceu do mundo nos anos 80. Apesar de que pra mim o grande senho do rock é o velho e bom Raulzito. Renato Russo deixava estravazar muita feminilidade em suas letras, de certa forma fazendo o rock deixar de ser rock. Parabéns pelo post.

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  2. Quão afortunados somos em ao menos termos recebido essa herança de nossos pais, pois já não há mais heróis, todos padeceram, já não há mais campeões, todos se corromperam.
    Ao menos há a memoria desses últimos trovadores que viveram pouco tempo antes de nosso tempo.

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  3. Não vejo como feminilidade e sim sensibilidade. E depende muito da fase que você pega dele, o primeiro e o terceiro disco são muito políticas com influência punk.
    Não consigo gostar de Raul, você sabe que tentei, mas não me desce. De tantos egocentricos, junkies, alcólotras e deprimidos eu detesto ele (talvez por ele não ser tão deprimido assim rs)
    Quanto os poetas oitentistas espero que na geração de meus filhos e netos também os apreciem, pq se é belo deve ser passado não importa quantas gerações. É só vermos mestres como Candeia e Cartola. Quando tiver mais propriedade de causa quero falar deles também.

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  4. De fato, Renato era sensível, o fato de normalmente isso ser atributo feminino causa confusão na mente masculina. Mas isso não significa que um seja o outro.
    Raul era um poeta que vivia a contra vertente de sua época, ao contrario de Renato que falava aos jovens o que eles sentiam e não falavam, Raul criticava alguns consensos sociais, inclusive dessa juventude.
    Mas quando falamos dos dois, falamos de ícones diferentes de tempos diferentes porem próximos.
    O final da década de 70 e inicio da de 80 de Raul era a transformação da alta ditadura na democracia e a de 80 de Renato foi a da liberdade virtual onde se era livre para continuar sendo o que sempre se foi.

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  5. Cada linha sua traçada me faz admirar-lhe mais. Quem viveu os anos 80 Viveu, quem não teve essa chance faz parte de uma realidade meio vazia, esses dias quase cai da cadeira quando uma pessoa me perguntou o que é Guns? Meio sem saber o que responder falei Guns'N Roses, do Axl Rose... e me dei conta de quanto tempo se passou e de como foi rica a minha adolescência.

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  6. Sorte de ter vocês para me mostrarem isso.

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